Costuro a alma rasgada com a linha do tempo. Meus dedos não sabem lhe tocar, disseram minhas pausas de oito tempos. Não sabem lhe tocar, tão frágil que é. Mais uma vez solto o coração nos dias, e agora minha alma já é - mais do que nunca, dona de si.
"Ela mede as palavras com sabedoria de quem já secou um mar nos lençóis. E a paciência virou mãe de tão presente e amiga. Cultiva um jardim de possibilidades dentro dos dias, ainda criança no cultivo, mas com fome de gigante na colheita das energias. Ele existia sem que ela soubesse o porquê. Ele desta vez não fazia mais sombra do que existia. Ele vivia como nunca e era cada vez mais doce, e forte, cada vez mais frágil e mais encantado, cada vez mais sonhador e de verdade. Nunca antes havia tido tantos sonhos em comum. A menina espantara, espantara pois não havia mais sono para continuar dormindo e sonhando e, assim, ficara sonhando acordada como nos tempos de criança. Falando em tempos de criança, existe nesta história uma forte semelhança entre aquele tempo e o tempo de agora... É que o menino se mostrava cada vez mais delicadamente adocicado. Balançava a menina na rede que já não se movia sozinha. Balançava a menina sem parar e a menina pedia para não parar, não parar, não parar. (E ele nem sequer sabia que quanto mais alto balançasse aquela menina, mais alto iam seus pensamentos). Ele tenta dizer com aqueles olhos que falam mais que olham: 'menina, o meu pensamento tem a cor do seu vestido'. E consegue. Consegue dizer e ela sorri um daqueles sorrisos que ultrapassam as orelhas. Ele olha sem saber direito porque ela sorri, e ela pergunta também com os olhos: 'você ainda quer morar comigo?' Ele responde que sim, que sim, com a mesma intensidade da cor dos girassois nos cabelos dela. Eles então descobrem que o amor é mais forte que tudo. Depois que ela chorou em seus braços e abraços apertados e calmos na noite passada, ela sentira ainda mais certeza de que sim, o amor é tudo. Ela sabia falar muitas coisas, mesmo que sem saber que sabia. E aquele menino que se dizia louco, se esquecia as vezes de que só os loucos sabem... Ele não se precipitava. Guardava as lágrimas da menina dentro de seu próprio peito, contava baixinho para ela que o amor estava ali. Que estavam e estarão juntos eternamente, e que ela podia brilhar feito aquelas luzinhas da vista da cidade. (Ele nem sequer sabia que quem brilhava muito, mas muito mais nessa história toda, era ele)."
E, finalmente, juntos aprendem que o que há de vir com fé tem muita força.
Pode mexer no meu cabelo agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário