Leitos, perfeitos, seus olhos direitos me olham assim. Fino, menino, me inclino pro lado do sim: ser, querer ser, ser um camaleão. Sonho meu. Me leva que eu vou. Num indo e vindo infinito. Eu olho pro infinito e você de óculos escuros, eu digo que te amo e você só acredita quando eu juro. No mundo, não adianta fugir nem mentir pra si mesmo. Agora: há tanta vida lá fora. Caminhando contra o vento. A pele sem documento. Outras palavras. Tudo seu azul, tudo azul furta cor, tudo meu amor. Na televisão, na rádio, na esquina do clube. Calor que provoca arrepio, coração de eterno flerte. Detesta o verde. Eu canto pra Deus proteger-te. Tudo o que sonhares, todos os lugares, as ondas dos mares: pois quando eu te vejo, eu desejo o teu desejo. O Haiti não é aqui. O Haiti não é ali. Luz do sol que a folha traga e traduz em verde e novo, em flor, em graça, em vida, em força, em luz. Céu azul que vem até onde os pés tocam a terra. Ora, ora o rio. Corre, corre, corre, corre o rio pro mar. Dono do sim e do não, diante da visão da infinita beleza. Coisa mais querida. A glória da vida, luz do sol. Tua pele, tua luz, tua juba. Pois és o avesso do avesso do avesso. É que Narcísio acha feio o que não é espelho. Quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi da dura poesia discreta de tuas esquinas. A tua mais completa tradução: alguma coisa acontece no meu coração. Do anel de lua e estrela. Raios de sol no céu da cidade. Manhã chegando, luzes morrendo. Noite é bem tarde, penso em você: fico com saudade. Quem é você? Qual o seu nome? Conta pra mim, diz como eu te encontro.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Respostas
Fiquei pensando: "devia dar mais do que penso e sinto." Mas, para quem? E não me preocupei com a resposta vazia. Hoje estou encantada com a vida, com o amor que eu dei e recebi, que dou e recebo todos os dias. Mas não é só isso. A preguiça que me acompanhou durante todas as férias se despediu hoje e, enfim, vi possibilidades de um futuro tão mais bonito, pois ele reacendeu ontem todas as minhas forças que eu achava que já tinham se perdido por aí. Como sempre, pensei comigo: "muito obrigada. Muito obrigada mesmo." Essa semana pensei em desistir de trabalhar com pessoas. Digo, com o cuidado com as pessoas. Me perguntei muito se era isso mesmo o que eu queria fazer, se nem ao menos consigo me organizar, como ajudar as pessoas a se organizarem? E, dá mesmo para ensinar o amor? A colheita da alegria e das pequenas coisas no decorrer dos dias? Isso já não deve nascer (ou não) com as pessoas? Fiquei extremamente cansada, fui grosseira, inclusive. E não bebo. Nessas horas, dava para pegar um vinho e cair no sofá. Aquele foi um momento que precisou, mais do que nunca, ser apenas meu. Fiquei olhando tudo ao meu redor, livros de Clarice, Cd's dos Beatles, de Chico... Lápis de cor que a Ysis deixou jogado na última vez que esteve aqui... E já é tudo tão diferente. Tanto! O Douglas está em outro plano, os lugares que frequento são outros, as músicas que ouço me trazem nostalgia e saudade do tempo em que a maldade ainda nem tinha nascido. Mas hoje, apesar de tudo, de tudo mesmo, me sinto ainda mais forte. Mais forte do que eu mesma. Vivo numa solidão linda, a solidão de ser só dois. E ele me mostra todos os dias o quanto a vida vale mesmo a pena, mesmo quando não fica tão claro assim... Não faço a mínima ideia de quem está me lendo agora, pois mudei de blog, como podem ver, mas, seja você quem for, eu só queria mesmo dividir que encontrei, lá no fundo de mim - e com a constante ajuda do meu amor, o que, até então, estava escondido: sim, eu vou continuar acreditando nas pessoas, vou continuar espalhando o melhor de mim por aí, mesmo sem saber de fato o que tenho de melhor. Quero dividir com você que estou completamente apaixonada, pela vida, pelo que estou me tornando. Por ele. Por ele que é o autor de tudo de bom que tem acontecido comigo.
E, como dizia Lispector: "eu sou mansa mas minha função de viver é feroz."
;*
Do nosso Amor
Costuro a alma rasgada com a linha do tempo. Meus dedos não sabem lhe tocar, disseram minhas pausas de oito tempos. Não sabem lhe tocar, tão frágil que é. Mais uma vez solto o coração nos dias, e agora minha alma já é - mais do que nunca, dona de si.
"Ela mede as palavras com sabedoria de quem já secou um mar nos lençóis. E a paciência virou mãe de tão presente e amiga. Cultiva um jardim de possibilidades dentro dos dias, ainda criança no cultivo, mas com fome de gigante na colheita das energias. Ele existia sem que ela soubesse o porquê. Ele desta vez não fazia mais sombra do que existia. Ele vivia como nunca e era cada vez mais doce, e forte, cada vez mais frágil e mais encantado, cada vez mais sonhador e de verdade. Nunca antes havia tido tantos sonhos em comum. A menina espantara, espantara pois não havia mais sono para continuar dormindo e sonhando e, assim, ficara sonhando acordada como nos tempos de criança. Falando em tempos de criança, existe nesta história uma forte semelhança entre aquele tempo e o tempo de agora... É que o menino se mostrava cada vez mais delicadamente adocicado. Balançava a menina na rede que já não se movia sozinha. Balançava a menina sem parar e a menina pedia para não parar, não parar, não parar. (E ele nem sequer sabia que quanto mais alto balançasse aquela menina, mais alto iam seus pensamentos). Ele tenta dizer com aqueles olhos que falam mais que olham: 'menina, o meu pensamento tem a cor do seu vestido'. E consegue. Consegue dizer e ela sorri um daqueles sorrisos que ultrapassam as orelhas. Ele olha sem saber direito porque ela sorri, e ela pergunta também com os olhos: 'você ainda quer morar comigo?' Ele responde que sim, que sim, com a mesma intensidade da cor dos girassois nos cabelos dela. Eles então descobrem que o amor é mais forte que tudo. Depois que ela chorou em seus braços e abraços apertados e calmos na noite passada, ela sentira ainda mais certeza de que sim, o amor é tudo. Ela sabia falar muitas coisas, mesmo que sem saber que sabia. E aquele menino que se dizia louco, se esquecia as vezes de que só os loucos sabem... Ele não se precipitava. Guardava as lágrimas da menina dentro de seu próprio peito, contava baixinho para ela que o amor estava ali. Que estavam e estarão juntos eternamente, e que ela podia brilhar feito aquelas luzinhas da vista da cidade. (Ele nem sequer sabia que quem brilhava muito, mas muito mais nessa história toda, era ele)."
E, finalmente, juntos aprendem que o que há de vir com fé tem muita força.
Pode mexer no meu cabelo agora.
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